O ex-ministro Geddel Vieira Lima descartou aliança do PMDB com o PT nos 35 maiores colégios eleitorais da Bahia. Por ele, o diretório estadual peemedebista vetaria toda e qualquer aliança com os petistas no estado. “Fui voto vencido nesse tema”, revelou em entrevista concedida ao PIMENTA.
Geddel explica as razões de o PMDB optar por não aliar-se ao DEM de ACM Neto na capital baiana, mas fechar apoio eleitoral ao prefeito de Itabuna, Capitão Azevedo, de quem o ex-deputado Renato Costa deverá ser o vice. Deixa claro que o jogo em Salvador tem a ver com 2014.
Vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica, deputado federal por cinco legislaturas e vice-presidente do PMDB baiano, Geddel também aproveitou para desferir ataques contra o seu alvo político preferido na Bahia, o governador Jaques Wagner. Disse que  o petista sofre crise de autoridade. E provoca: “Wagner zonzo”.
Confira a entrevista.
PIMENTA – O PMDB brigou com o DEM na capital baiana e lançou Mário Kertész a prefeito. Como explicar a postura em Itabuna, onde o partido vai ter a vice na chapa de um democrata?
GEDDEL VIEIRA LIMA - O PMDB não brigou com o DEM na capital baiana. A eleição em Salvador é em dois turnos. É impossível pensar que um partido que disputou a eleição de governador em 2010 e que tem projeto para 2014, abra mão de tentar conquistar a capital com suas próprias bandeiras, projetos e programas. No segundo turno, se para ele não formos – e acredito muito no nosso candidato, conversaremos com outras forças de oposição.
E Itabuna?
Em Itabuna, a eleição tem um turno só. O PMDB local entendeu que o prefeito [Capitão] Azevedo fez um bom trabalho e seria o melhor posicionado para derrotar o PT. Ele incorporará nossas ideias e vamos à campanha. Nenhuma contradição, nenhuma briga. Cada município tem sua realidade.
O que pesou na aliança com o DEM em Itabuna, já que tanto o PT como a Frente Partidária também namoravam o PMDB?
Não tem acordo com o PT em cidades grandes, formadoras de opinião. Além disso, temos uma opinião muito clara sobre o estilo dos líderes do PT de Itabuna fazerem política. Nossa opinião é de absoluta rejeição. Não acreditamos que o PT possa trazer avanços políticos-administrativos para Itabuna.
Em eleição de dois turnos, você só não participa do primeiro se faltar absoluta condição política.
O principal entrave em Salvador seria o fato de o PMDB buscar alianças talvez projetando 2014?
Foi o desejo de, na capital do nosso estado, o PMDB buscar, de forma legítima, apresentar seu próprio projeto político-administrativo para a cidade. Em eleição de dois turnos, você só não participa do primeiro se faltar absoluta condição política.
O petista Jonas Paulo vê PT e PMDB fazendo alianças em, pelo menos, 35 municípios. Essa é a mesma visão do senhor?
Não sei em quantos, mas é verdade que em alguns pequenos municípios, a executiva estadual, depois de examinar as realidades locais, admitirá algumas coligações com o PT. Fui voto vencido nesse tema.
Como o senhor avalia o quadro político-eleitoral em 2012? Wagner e Dilma terão a mesma força eleitoral mostrada pelos dois governos em 2008?
O Wagner está muito desgastado. É greve para todo lado, uma imensa crise de autoridade. E as promessas não cumpridas? Cadê a barragem em Itabuna? E a duplicação da Ilhéus-Itabuna? Nada acontece no governo, só lero-lero. Esse é um governo manso. A Dilma, de olho em 2014, vai se meter pouco em 2012.
O partido do senhor trabalha com cenário adverso em 2012 quando comparado a 2008. Quantos prefeitos o partido espera eleger agora?
Certamente não repetiremos o desempenho de 2008. A realidade é outra. Não sei quantos prefeitos elegeremos. Ganharemos umas, perderemos outras… Mas vamos participar do maior número possível de disputas, renovando nossas lideranças, difundindo nossas ideias.
O governador, tentando desmistificar o conceito de que não tem autoridade, age autoritariamente. Wagner  zonzo.
A divisão nas oposições em Salvador não terá reflexo em 2014?
Unidade não é um fim em si mesmo. Precisamos construir um projeto comum da confiança de todos. 2012 é um ano, uma realidade. 2014 será outro momento, outra realidade.
Na opinião do senhor, por que o Estado vem enfrentando dificuldade na negociação com os professores?
Porque o governador, tentando desmistificar o conceito de que não tem autoridade, age autoritariamente. Wagner zonzo.
O PMDB assumiu o comando regional da Ceplac. Recentemente, o secretário estadual de Agricultura, Eduardo Salles, defendeu a transformação do órgão em Embrapa Cacau. Seria esta a saída?
A solução é investir na modernização da Ceplac, na motivação das pessoas, na tecnologia. O doutor Juvenal [Maynart] vem realizando um trabalho que nos orgulha. O ministro [da Agricultura, Mendes Ribeiro], o tem elogiado muito.
Fonte: Pimenta na Muqueca