terça-feira, 19 de junho de 2012

“Gabriela” estreia com boa audiência e prova que qualidade é tudo na televisão



A estratégia da Globo funcionou e o primeiro capítulo de “Gabriela” registrou audiência bem acima de uma estreia de série na emissora.  Os dados preliminares apontam 30 de média, com picos de 34 na Grande São Paulo, um índice que dará uma certa tranquilidade à Globo quando começar o processo de acomodação desta produção. É que, já sem o impacto da novidade e no ar após a linha de shows e futebol, os índices cairão naturalmente, como já aconteceu em outras produções do gênero. Portanto, muito cuidado com o discurso de que “Gabriela” perdeu audiência, está caindo e coisas parecidas. É preciso imparcialidade, conhecer televisão e, principalmente, entender números para analisar corretamente esses dados.
“Gabriela” também começou bem como produto de televisão. Uma bela fotografia marcou os primeiros momentos da protagonista e sua trajetória pelo agreste nordestino. Da seca à cidade grande, da esperança à morte, da sede ao desejo da água. A travessia de Gabriela foi quase cinematográfica com muitas referências (inspirações) na minissérie “Grande Sertão Veredas”, produção dos anos 80. A viagem de Gabriela só ficou a desejar no ritmo já que faltou um pouco mais de velocidade.
O primeiro capítulo da novela das 23h chamou atenção pela alegria do Bataclã, o “centro de divertimento” de Ilhéus dos anos 20. É ali que muitas decisões políticas serão tomadas e que ficará nítido o falso moralismo de muitos comandantes da cidade e da sociedade da época. Por falar nisso, pelo menos na noite de estreia, Ivete Sangalo não fez feio como a cafetina Maria Machadão. Mais uma vez, o julgamento foi feito antes do trabalho ser apresentado. Vale destacar também a presença de Juliana Paes. A nova Gabriela esbanjou na sensualidade e no vídeo pouco importou se na vida real ela é muito mais velha que a personagem criada por Jorge Amado. A novela das 23h deu sinais de que vai pegar e que será uma bela homenagem ao centenário de nascimento do autor. Agora é só administrar.
E claro que é fundamental falar sobre a vinheta de abertura. Os temas que estamparam a versão original da novela estão presentes no material realizado por Hans Donner. O melhor ficou para a música: a mesma “Modinha para Gabriela”, de Dorival Caymmi, na voz de Gal Costa. Foi a maneira encontrada para mostrar ao público mais jovem que “Gabriela” é um clássico de nossa teledramaturgia e que a televisão sempre recorreu à literatura de qualidade e aos músicos mais conceituados para seus projetos.

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