A suplente de senadora e petista Juçara Feitosa disputará a prefeitura de Itabuna pela segunda vez. A convenção que confirmará a candidatura ocorre no próximo dia 30.
Ela acredita que o atual modelo de administração em Itabuna “está esgotado” e defende que os partidos da base aliada se juntem à sua candidatura “pelo desenvolvimento da cidade”.
Juçara também crê que a alta aprovação popular da presidente Dilma Rousseff ajudará a quebrar resistência do itabunense em eleger uma mulher prefeita.
Nesta entrevista, a ex-secretária de Desenvolvimento Social desfere estocada no Capitão Azevedo (DEM). Para ele, o prefeito enganou o eleitor com promessa de “20 mil bolsas renda, carteiras de motorista gratuita, terra pra todo mundo e prefeitura móvel”
PIMENTA – A senhora teve 42 mil votos em 2008, mas perdeu a eleição para seu oponente por 12 mil fotos de frente. Por que manter sua candidatura?
JUÇARA FEITOSA - Itabuna e região estão recebendo grandes investimentos. É importante que o município esteja próximo dos governos federal e estadual, pois o modelo que administra a cidade, o DEM, está esgotado, sem criatividade e sem capacidade de gestão. Por isso, sou candidata.
Mas esse discurso de proximidade com os governos federal e estadual já não deu certo, não é? 
Os governos Dilma e Wagner são do PT e vão nos ajudar a colocar Itabuna no contexto do desenvolvimento. Estamos vivendo isso com o Brasil e queremos que seja assim também com a nossa cidade.
A presidente Dilma pode ajudar sua campanha?
A presidente Dilma se mostra grande gestora, faz excelente trabalho e é respeitada mundialmente por isso. O Brasil, após Lula e com Dilma, só tem boas notícias. Acredito que podemos fazer o mesmo com Itabuna. Ter boas notícias em vez de ser apontada como campeã da dengue, campeã da mortalidade infantil, campeã em índices de violência.
Como está a sua pré-campanha?
Tenho conciliado apoios e conversado com as pessoas. Tenho visto de perto as carências de famílias mais humildes de nossa cidade. Percebo o desejo de mudança para vida digna, de qualidade e compromisso com a saúde, infraestrutura dos bairros e o social.
A saúde é das áreas mais criticadas em Itabuna. O que fazer?
Defendo que é urgente reformular a política de saúde, aplicando além dos 15% exigidos pela Constituição, e reforçar os recursos federais e estaduais que vêm para o município. Reorganizar os hospitais e recuperar e melhorar as unidades básicas de saúde com mais cotas de exames, médicos, remédios, equipamentos. Defendo ainda criar centros especializados de saúde da mulher e da criança.

RECURSOS FEDERAIS: As obras começam, mas não terminam, ou fazem obra de qualidade duvidosa.

A senhora fala em afinidades do seu partido e de seu projeto com os governos estadual e federal. Mas a cidade tem tido muitas obras.
É verdade, mas são obras estruturantes previstas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal, que não mede esforços em repassar recursos para cidades acima de 200 mil habitantes. Os projetos chegam, as ações são importantes, mas os recursos não são aplicados como deveriam pela prefeitura. As obras começam, mas não terminam ou se faz obra de qualidade duvidosa.
Um dos grandes debates nesta eleição será o avanço da criminalidade. Qual seria a solução para a violência?
É preciso ação firme no combate à violência que afeta crianças, jovens e toda a sociedade. O combate não pode ter somente repressão, mas políticas públicas inclusivas. Defendo a criação da Secretaria da Segurança Pública e Trânsito e ações coordenadas com o Ministério Público e polícias Civil e Militar, além de programas sociais para jovens de 15 a 29 anos, a faixa mais vulnerável, inserindo-os no grupo de população economicamente ativa da sociedade.
Como está o quadro de alianças para sustentação de sua candidatura a prefeita?
Já temos um número significativo de partidos, mas isso será definido até o dia 30 de junho, dia de nossa convenção.
As conversas com os partidos da base aliada do governo estão em que nível?
Estamos conversando com todos. O PT trabalha pela união e defesa do povo, independente das vaidades das lideranças. O nosso adversário é o DEM.

O VICE: Não definimos ainda. Será uma grande surpresa que iremos apresentar na nossa convenção.

Quem será o candidato a vice de sua chapa?
Não definimos ainda. Será uma grande surpresa que iremos apresentar na nossa convenção, no dia 30.
O PCdoB se mantém ressentido com o PT pelo episódio envolvendo o vereador Wenceslau Junior. Há diálogo com os comunistas?
Itabuna deve estar acima desses sentimentos. Caminhamos para fortalecer a cidade, que não pode perder tempo nem oportunidades.
A militância petista está animada com sua nova pré–candidatura?
A militância do partido está firme e confiante.
As eleitoras de Itabuna estão dispostas a mudar de opinião e votar na senhora?
A mulher tem papel importante na sociedade e sente mais as dificuldades dos serviços públicos de saúde, educação, infraestrutura, má-qualidade de vida e a violência. Tenho certeza que as mulheres de Itabuna responderão a esse chamamento.
A imagem da presidente Dilma pode contribuir para reforçar sua campanha nessa direção?
A presidenta Dilma será um dos nossos exemplos. Queremos convencer as mulheres que, mais próximos dos governos federal e estadual, poderemos realizar os investimentos na infraestrutura dos bairros, na saúde, na educação e na qualificação das pessoas.

ESTOCADA EM AZEVEDO: Não nos utilizaremos de mentiras nem falsas promessas, a exemplo de 20 mil bolsas renda, carteiras de motorista gratuita, terra pra todo mundo e prefeitura móvel…

Como a senhora acha que será a campanha no rádio e na TV?
Vamos fazer uma campanha de alto nível. Não nos utilizaremos de mentiras nem falsas promessas, a exemplo de 20 mil bolsas renda, carteiras de motorista gratuita, terra pra todo mundo e prefeitura móvel e de portas abertas… Itabuna não quer mais essa enganação. Mostraremos projetos concretos para provar a nossa real intenção em priorizar o cuidado com a cidade.
A senhora foi secretária municipal de Assistência Social como avalia o setor atualmente?
Quando dirigi a Assistência Social, fizemos ou trouxemos vários programas como Viva Maria, Grapiúna Cidadão, Alimenta Itabuna e Bolsa-Família. Muitos desses meninos conseguiram o primeiro emprego na Coelba, Banco do Brasil e na Prefeitura. Os projetos já não oferecem as mesmas oportunidades e caiu em qualidade. Poderia hoje estar atendendo a 30 mil famílias, mas não passa de 19 mil. Isso mostra a falta de prioridade e descaso com os mais humildes.
O Rio Cachoeira está morrendo. O que fazer para recuperá-lo?
A barragem do Rio Colônia é uma forma de recuperar o nosso Rio Cachoeira e irá melhorar o fornecimento de água e garantir abastecimento para mais de 50 anos. O Inema já concedeu a licença prévia e ajustes estão sendo feitos para que a licença definitiva saia. Além disso, o Governo Wagner está elaborando um plano diretor de saneamento básico em Itabuna que irá coletar e tratar 100% do esgoto.
As ações de saneamento que a senhora fala incluiria devolver o patrimônio, fundir a Emasa com a Embasa ou a privatização?
Está fora de cogitação a transferência da Emasa ao Estado ou à iniciativa privada. A empresa é municipal e precisa ser fortalecida e reestruturada para que continue cuidando das ações de saneamento. Pena que se tenha se transformado em cabide de emprego. A Emasa é essencial para continuar a atender a população carente com tarifas diferenciadas de água e esgoto e até isenções tarifárias.