quarta-feira, 27 de junho de 2012

BA: greve dos professores continua, mas já deixa as lições

Com o apoio dos estudantes, professores aprovam a continuação da greve. Foto: Aplb
Com o apoio dos estudantes, professores aprovam a continuação da greve. Foto: Aplb





Além de ter derrotado o carlismo, o governador Jaques Wagner já vai ficar na história como um dos dirigentes com menor falta de habilidade para se relacionar com as greves dos servidores públicos, como a dos professores.
Pressão
Como acontece em qualquer gestão, os servidores lutam por melhores condições de trabalho e valorização. No movimento paredistas dos professores das universidades estaduais, no ano passado, a greve se estendeu por mais de um mês, sem diálogo, e governo cortou os salários dos docentes. Neste início de 2012, na greve da Polícia Militar, o estado passou por momentos de tensão. Apesar dos transtornos, mortes e proximidade do carnaval, Wagner só cedeu e negociou indiretamente depois de grande pressão social. Mesmo assim, após o movimento, muitos policiais foram punidos.
Sem audiência
Apesar dos confrontos e desgaste perante a opinião pública, o governador e sua equipe não aprenderam a encarar de forma democrática a luta das categorias. A prova disso é a atual a greve dos professores da rede estadual, do ensino fundamental e médio, que já chega a 80 dias sem que o governador, diretamente ou através de um de seus secretários, tenha sentado em audiência para negociar com o sindicato da categoria, a APLB, para negociar e buscar uma forma de resolver o impasse. Muito pelo contrário. O governo mantém o corte dos salários e se vangloria de ter entrado na Justiça contra a entidade trabalhista, além de, mais recentemente, ter convocado o Reda, PST e os recém-concursados para dar aula no 3º nas escolas de Salvador, sem nenhum critério, como forma de enfraquecer o movimento, segundo o sindicato. Pior de tudo: fala que está aberto à negociação, mas não abre as contas do Fundeb para se verificar se o governo tem condições ou não pagar o percentual de 22,22% do Piso de forma integral este ano, conforme determina o MEC.
As propostas
Como está a situação? Depois do 77º dia de greve completado nesta terça-feira (26), a proposta que ainda existe é a mesma apresentada pelo governo – para a imprensa - no 66º dia de greve. Ainda sem detalhes, a proposta para pagar o Piso é a seguinte: pagar 7% em novembro para os docentes que fizerem um curso, excluindo os aposentados e os docentes em estado probatório, somado aos 6,5% já concedidos a todo funcionalismo e mais 7% em abril de 2013, também através de curso. Em assembleia geral, a categoria rejeitou a proposição porque ela excluía alguns grupos e não integralizava o pagamento do Piso neste ano de 2012. Diante disso, criou-se o impasse.
O impasse
Em um ambiente democrático, a melhor forma de se resolver o impasse seria as partes sentarem para dialogar. Porém, o sindicato solicitou audiência, mas o governo se recusa a atender a categoria em greve, como o faz os gestores autoritários. Por isso, estabeleceu uma guerra: o governo tenta minar o movimento por diversos meios e a categoria busca resistir, apesar das dificuldades de enfrentar a máquina governamental, a Justiça e o Parlamento. Como numa guerra de conquista territorial e de informação, os informes governistas dizem que 70% da rede já voltaram a funcionar em todo estado. Fala em diálogo, mas a intenção é derrotar os “inimigos” que lutam por direitos e pelo respeito à Educação Pública, a principal vítima da intransigência e do descaso governamental.
Exemplo de cidadania
A situação é grave, mas a sociedade está sem esperança de lutar pela defesa da Educação Pública, apesar dos prejuízos para a integralização do Ano Letivo. Porém, qualquer que seja o resultado da greve, os professores já deram o exemplo de luta cidadã em defesa de seus direitos e contra toda forma de pressão e autoritarismo, uma lição para os que querem uma Bahia avançada e democrática.
Greve continua
Como não houve negociação, a assembléia geral dos professores, realizada em Salvador nesta terça-feira (26), aprovou a continuação da greve. Segundo a APLB, “a luta é pelo cumprimento da Lei. Os 22,22% é o índice de reajuste do Fundeb, que é repassado pelo governo federal ao governo estadual. E o reajuste foi assinado em fevereiro pela presidente da República, Dilma Rousseff”.
Segundo o site da APLB, na assembleia de hoje (terça, 26)o destaque também para a presença de estudantes, conscientes da justiça da luta dos professores e contra os aulões armados pelo governo e alguns interessados em ganhar dinheiro com a situação. No final, também foi aprovado um calendário de luta até a próxima assembleia, dia 3 de julho, às 9h.

Nenhum comentário:

Postar um comentário